Uhu,pesquisa aê. :]

domingo, 22 de abril de 2012

Há um ditado que diz: ‘‘O papel é mais paciente que o homem’’. Lembrei-me dele em um de meus dias de ligeira melancolia, quando estava sentada, com a mão no queixo e tão entediada e cheia de preguiça que não conseguia decidir se saía ou ficava em casa. Sim, não há dúvida de que o papel é paciente, e como não tenho a menor intenção de mostrar a ninguém esse caderno de capa dura que atende pelo nome de diário - a não ser que encontre um amigo ou amiga verdadeiros -, posso escrever à vontade. Chego agora ao xis da questão, o motivo pelo qual resolvi começar este diário: não possuo nenhum amigo realmente verdadeiro.
Vou explicar isso melhor, pois ninguém há de acreditar que uma menina de treze anos se sinta sozinha no mundo. Aliás, nem é esse o caso. Tenho meus pais, que são uns amores, e uma irmã de dezesseis anos. Conheço mais de trinta pessoas a quem poderia chamar de amigas - e tenho uma porção de pretendentes doidos para me namorar e que, não podendo fazer, ficam me espiando, na classe, por meio de espelhinhos. Tenho parentes, tios e tias, que também são uns amores, além de um lar agradável. Aparentemente, nada me falta. Mas acontece sempre o mesmo com todos os meus amigos: gracejos, brincadeiras, nada mais. Jamais consigo falar de algo que não seja a rotina de sempre. O problema é que não conseguimos nos aproximar um dos outros. Talvez me falta auto confiança; seja como for, o fato é esse, e não consigo mudá-lo.
Texto retirado do Livro: Diário de Anne Frank, de Anne Frank.


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